domingo, 24 de janeiro de 2010
Independência ou Morte!
Comecemos com Sayles, reconhecido por consertar roteiros problemáticos de Hollywood e também por destacar em seus filmes os grupos menos favorecidos da América do Norte. Suas narrativas ainda sempre tem a preocupação de destacar aspectos históricos e sociais de seus personagens obrigando o autor a pesquisar os temas abordados. Dele vi as seguintes obras:
Lone Star (1996) - Um corpo de uma pessoa morta há 40 anos atrás é o ponto de partida para contar os conflitos familiares, sociais e étnicos do Texas. Muito bom!
Homens armados (1997) -Talvez o melhor dos três filmes que vi. Um velho médico mexicano resolve ir atrás de um grupo de indios que treinou parfa atuar como agentes de saúde em suas longinquas comunidades. Road movie que coloca o médico urbano e educado em confronto com um país para ele desconhecido. De lambuja o diretor discute o movimento zapatista em Chiapas. Não achei o trailer então vai uma entrevista com o diretor:
Silver City (2004) - Um candidato vai gravar um programa político que contém metáforas políticas sobre pescaria e acaba por fisgar em sua vara um cadáver. Seria o corpo uma armação de seus adversários? filme-puzzle de alto nível e com um pouco de humor negro. Acima da média.
James Gray, é considerado um dos últimos diretores clássicos do cinema americano pelo seu domínio técnico e narrativo. Conferi os seguintes filmes:
Caminhos sem volta (2000) - Um rapaz sai da prisão em condicional por roubar um carro e ao tentar voltar ao trabalho com um tio responsável pela manutenção de trens do Metrô, descobre que a corrupção do meio político não é tão diferente daquela ética da prisão. Filme tenso e dramático que nos engana ao exibir estética de policial noir para destacar conflitos familiares.
Amantes (2008) - Leonard é um jovem bipolar com tendências suicidas que vê sua vida gravitar entre duas mulheres muito diferentes entre si e que não se conhecem. Ótimo drama que desbanca o final feliz com aatitudes extremamente humanas.
sábado, 23 de janeiro de 2010
Cara antenado !
Photoshop
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Cassavetes...
Para um diretor cujo principal pensamento é o de doar-se todo pelo cinema e fazer daquilo a mais orgânica das coisas, A morte de um bookmaker chinês talvez funcione como a desilusão do homem perante seu sonho, seu objeto pleno, sua criação, sua paixão. O filme é uma história de amor e derrota travestido em noir. O jogo de sombras, a ambigüidade dos personagens são menos estética do gênero e muito mais a construção de um personagem em processo de perda de tudo aquilo que nada mais é que sua própria vida – como também era o cinema para Cassavetes.
O rompimento ainda maior com as regras do cinema noir diz respeito à própria câmera – que para Cassavetes deve ser sempre livre e pronta para mostrar e respirar próximo ao personagem (planos quase na pele de Ben Gazzara ou das suas garotas de bar, principalmente Rachel) -, ela passeia pelo clube de strip-tease por todos os seus cantos, mostrando muito mais o que ele tem de ruim do que propriamente de exuberante e excitante. Entretanto, é uma câmera que não condena, pelo contrário, ela é parte de tudo aquilo e seu olhar não é de condenação, denúncia, mas sim de desalento, descrença – por mais amor que exista do personagem Viteli por aquela vida e aquele mundo. Os corpos imageticamente apresentados não excitam, não pulsam, mas sim prenunciam a derrocada – somente há respeito pelo corpo de Rachel, ela é a única a qual a câmera endossa e dá um ar de todo respeito, mesmo ela sendo cantada pelos homens por ser uma dançarina de clube. A câmera do ambiente escuro e sujo ganha as ruas em busca de alívio, de respiração, mas o enquadramento fechado, o close-up, a noite e o dilema de Viteli sufocam a tudo isso. O caminho é em direção ao esfacelamento de tudo, como algo marcado e o mesmo Viteli acompanhado no início do filme, pelas ruas, por uma câmera baixa em movimento de travelling, no final está imerso às sombras, filmado de cima para baixo no corredor que fica abaixo da escada – em um dos primeiros planos, ele surge nesse mesmo corredor, ao microfone, para a apresentação do show e logo após sobe para se aproximar da câmera e chegar até o palco; agora ele desce as escadas e se limita à posição diminuta, abaixo de tudo. A esperança agora está perdida, o caminho é sem retorno.
Cassavetes tem o cinema como a melhor maneira de falar de vida – inclusive da própria vida – e isso fica evidente em todos os seus filmes e não menos em A morte de um bookmaker chinês. A forma de montar não chega a ser sincopada como em outros de seus filmes, mas dá conta de um universo em que há um processo quase irreversível de falência física e humana. Cassavetes fala do próprio cinema americano, em desconstrução na década de 1970 e em busca de tentar se encontrar, achando-se, em certos casos, no underground citadino. Aqui, o cinema ganha as ruas, mostra o cenário venal e desolador de Los Angeles. É uma espécie de tentativa de um diretor que quer um cinema muito mais próximo da paixão e da pulsão do que perto das relações de dinheiro e ego envolvidas. Ben Gazzara atira e paga sua dívida financeira com os gangsteres, mas passa a estar em dívida consigo mesmo – o que é sempre pior.
sábado, 16 de janeiro de 2010
Anticristo
“Anticristo” relata o drama de um casal em luto, abalado pela trágica morte do pequeno filho. Von Trier apresenta a tragédia num prólogo composto com requintes de crueldade e alguma apelação, no qual nos obriga a ver o menino abrir o berço, caminhar pelo apartamento e saltar pela janela da sala enquanto o casal, entretido, faz amor no quarto. O americano Willem Dafoe e a francesa Charlotte Gainsbourg (premiada em Cannes como melhor atriz) são os protagonistas únicos da história. Ela é uma historiadora; ele, um terapeuta. Incapaz de superar o luto, ela afunda-se na cama, enquanto ele resolve assumir a responsabilidade pela terapia que vai tirá-la da depressão. O casal embarca então para uma casa no meio de uma floresta, chamada Éden. É lá que Von Trier coloca todos os demônios para fora. Realidade, sonho e pesadelo se misturam de tal forma que, para muitos críticos, “Anticristo” é visto como um filme de terror – uma classificação que não dá conta de sua complexidade."
Filme denso e que, dedicado à Tarkovsky, também poderia ser dedicado à Tobe Hooper , eis o achado da obra ... Enfim, para aqueles que tiverem paciência, será uma prova que o cinema é sempre e acima de tudo "uma caixinha de surpresas"... Aqui tem a matéria com entrevista do diretor. Aqui a polêmica entrevista do diretor no Festival de Cannes e abaixo o trailer.