Paris: num bairro pluriétnico cruzam-se Anne (Juliette Binoche), actriz de teatro que aspira a fazer cinema, Amadou (Ona Lu Yenke), um jovem professor africano de surdos-mudos, e Maria (Luminita Gheorghiu), uma mulher romena que está clandestina. Que há de comum entre eles? Às vezes coincidem no espaço, como no primeiro quadro, em que Anne e Amadou se sentendem, pois ambos fazem uma leitura diferente da humilhação a que Jean, o jovem cunhado de Anne, num gesto de crueldade, sujeitou Maria, a mendiga. Nunca mais voltarão à fala.
No dossier de imprensa distribuído em Cannes em 2000, quando «Código Desconhecido» foi exibido no Festival, havia um texto de Michael Haneke com algumas perguntas que procuravam «evocar o clima intelectual que tinha dado origem ao filme». Vale a pena reproduzi-las, até porque subjazem a toda a obra cinematográfica do austríaco:
1. A verdade é a soma das coisas vistas e ouvidas?
2. A realidade é representável?
3. O que é que, aos olhos do observador, torna o objecto representado verdadeiro, credível ou, mais precisamente, digno de ser acreditado?
4. Qual é a responsabilidade do marionetista se a marioneta imita perfeitamente a vida real?
5. No domínio das imagens animadas, a ilusão e a mentira são gémeas ou simplesmente aparentadas?
6. As respostas são mentiras?
7. As perguntas são respostas?
8. O fragmento é a resposta estética ao carácter lacunar da nossa percepção?
8. O fragmento é a resposta estética ao carácter lacunar da nossa percepção?
9. A montagem é a simulação da totalidade?
10. Até que ponto o que está ausente pode ser contado pelo que está presente?
11. A precisão é uma categoria estética ou uma categoria moral?
12. A alusão pode substituir a descrição?
13. O «off» é mais exacto que o «on»?
Veja aqui o artigo de Marcelo Esteves intitulado "Para além do que se vê: o uso do fora-de-quadro em Código desconhecido, de Michael Haneke" publicado na Revista AV - Audiovisual. O autor é Professor de Roteiro do Curso de Cinema e Vídeo da UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina e Mestrando em Teatro pela UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Abaixo o trailer:
Veja aqui o artigo de Marcelo Esteves intitulado "Para além do que se vê: o uso do fora-de-quadro em Código desconhecido, de Michael Haneke" publicado na Revista AV - Audiovisual. O autor é Professor de Roteiro do Curso de Cinema e Vídeo da UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina e Mestrando em Teatro pela UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Abaixo o trailer:
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