sábado, 30 de agosto de 2008

Cinemateca Brasileira

Aqui vai uma bela dica para quem busca informações sobre o Cinema Braileiro: o site da Cinemateca Brasileira, que possui uma incrível base de dados para quem deseja pesquisar e conhecer melhor as películas pindoramenhas. Segundo informações do próprio site: , "A Cinemateca Brasileira é a instituição responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira. Desenvolve atividades em torno da difusão e da restauração de seu acervo, um dos maiores da América Latina. São cerca de 200 mil rolos de filmes, entre longas, curtas e cinejornais. Possui também um amplo acervo de documentos formado por livros, revistas, roteiros originais, fotografias e cartazes." Abaixo reproduzo a ficha lá disponível de um filme pouco conhecido e que considero uma obra-prima de um diretor brasileiro pouco conhecido por aqui e muito respeitado na Europa: Alberto Cavalcanti, que ao lado de Glauber, tenho como um dos maiores téoricos do cinema que este país produziu e que escreveu uma obra de referência: "Filme e Realidade". O filme chama-se "Simão, o Caolho". O cartaz que ilustra o post também foi encontrado na pesquisa no site da Cinemateca.

SIMÃO, O CAOLHO
Categorias
Longa-metragem / Sonoro / Ficção

Material original
35mm, BP, 95min, 2.607m, 24q

Data e local de produção
Ano: 1952
País: BR
Cidade: São Paulo
Estado: SP


Sinopse
"São Paulo, 1942. Um corretor de negócios, velho e malandro, Simão, o Caolho, anda às voltas com sua mulher e um bando de amigos turbulentos, sempre à espera de um lance de sorte na vida. Um de seus amigos, metido a inventor, vivia prometendo um olho suplementar para Simão. Um dia, esse olho aparece e Simão torna-se milionário, pois ele tem a prioridade de torná-lo invisível. Simão decide então entrar na política, candidatando-se a Presidente da República. Sua trajetória acaba por acompanhar as transformações na cidade de São Paulo entre 1932 e 1950." (ALSN/DFB-LM)

Observações: Máximo Barro comenta que "Cavalcanti precisava provar aos brasileiros que sabia dirigir, mesmo no Brasil. Aceitou trabalhar sob condições trabalhistas que, provavelmente, nem nos seus primeiros filmes parisienses teve que se submeter. Era um mero empregado. Saiu-se brilhantemente, fazendo uma das melhores comédias elegantes do nosso cinema. Mesquitinha nunca estivera tão alto. Cavalcanti foi mostrar o filme ao amigo Getúlio Vargas que riu gostosamente na sequência em que um grupo de estudantes revoltosos prega a revolução. Nesse momento, um bate estacas começa a funcionar e a estudantada, acovardada pelo ruído, foge, pensando ser um tiro. Virando-se para o Ministro da Fazenda, Getúlio diz: empreste o dinheiro que pedirem! Alguns narram desta maneira o início da Kino Filmes (...)." (Citado em ALSN/DFB-LM)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A Mentira e o que não dá pra acreditar...

Vamos lá com os dois últimos filmes vistos:

L.I.E. ( no Brasil lançado como "Sem Saída", de Michael Cuesta, 2001) .As iniciais L. I. E. referem-se à auto-estrada suburbana que liga Manhattan a Long Island, a "Long Island Expressway", mas também quer dizer "mentira" (eu sei... vocês conhecem o "inglês básico...). Como toda estrada importante , essa também tem marginais, aqui expressos por um grupo de garotos sem muitas expectativas, gestadas por um modo de vida que desemboca numa existência "sem saída"... Howie é um moleque refinado, que fala francês, escreve poesias, mas precisa impor sua personalidade adolescente roubando casas com seus amigos entediados. Entre o pai babaca e a total falta do que fazer divide sua sexualidade entre o jovem e sedutor malandro Gary e o senhor pedófilo veterano de guerra Big John Harrigan. Alguns comentaristas consideraram o filme provocador, mas pessoalmente, não chega nem perto de "Felicidade" de e deTodd Solondz ou de Maldito Coração ( The Heart Is Deceitful Above All Things, 2004) de Asia Argento. Vale a sessão e independentemente de gostar ou não, é um filme que depois de visto é lembrado, o que se torna uma grande virtude... Além disso, "existem estradas que vão para leste, estradas que vão para oeste, e estradas que vão diretamente para o inferno", como diz o imberbe protagonista. Em tempo: o diretor dirigiu vários episódios da série "A Sete Palmos", que gosto muito. O trailer:



Arquivo X, Eu Quero Acreditar (Chris Carter, 2008). A trama envolvendo Mulder, Scully, russos ladrões de órgãos e células-tronco não empolga. Total decepção. E olha que sou fã da série. Qualquer episódio da TV é infinitamente melhor e como o filme dura o dobro do tempo de cada episódio na telinha, torna-se, no mínimo, duas vezes pior... Não perca tempo.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Clássicos de épocas e locais diferentes...

O dito "Cinema Clássico Americano" foi a forma criada para tratar o cinema como produção industrial e lucrativa em larga escala. Com a juda das duas grandes guerras que deslocaram a produção para o lado de cá do Atlântico foram criadas condições para roubar os talentos europeus que consolidaram, também por aqui, a sétima arte. Conforme salienta Rubens em seu blog "Cinema Clássico Americano": "Esta narrativa clássica tinha coerência e impacto dramático, fazendo com que o espectador fosse capturado pelo filme. Dizem os críticos que Hollywood inventou uma arte que não observava o princípio da composição contida em si mesma e que, não apenas eliminou a distância entre o espectador e a obra de arte, mas deliberadamente criou a ilusão, no espectador, de que ele estava no interior da ação reproduzida no espaço ficcional do filme." Cito aqui duas obras vistas recentemente que retratam a idéia deste tipo de fazer filmes:

"Os Miseráveis" ( 1935, Richard Boleslawski) com Fredric March e Charles Laughton. Baseado na obra de Victor Hugo traça as aventuras e desventuras de Jean Valjan, preso injustamente e condenado às galeras. Classicaço para as moçoilas verterem rios de lágrimas. Nota dez para Laughton no papel do Inspetor Javert. Recebeu 4 indicações, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor Assistente, Melhor Edição e Melhor Fotografia. abaixo uma amostra:




Desejo e reparação (Atonement, 2007 de Joe Wrigth). Dramalhão onde uma menina de 13 anos, envolta em devaneios literários, acusa injustamente o namorado da irmã de ter cometido um crime hediondo. Embora seja uma produção Franco-saxã, tem cara e forma de cinemão... Veja o trailer:


quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Eu me amo...

Bufallo 66' (1998). Vincent Gallo (diretor, produtor, roteirista e responsável pela trilha sonora) é um ex-presidiário , que sequestra a bailarina Christina Ricci e a faz a dondoca se passar por sua esposa durante uma visita aos seus excêntricos pais, os sempre ótimos Ben Gazarra e Angelica Houston. O filme tem alguns momentos interessantes, como os flashes-backs e um certo humor deslocado, mas no geral não empolga... Tem muitos defensores ardorosos, mas eu não sou um deles... Abaixo um trecho dublado em espanhol para não termos uma overdose da voz de Vincent Gallo ( que "se ama"):



Em entrevista disponível aqui, Christina Ricci parece não ter boas recordações sobre o filme e o diretor. Aqui vai um trecho:

It’s ten years since you made ‘Buffalo 66’ with Vincent Gallo.
I was seventeen, yeah. It was my first movie away without my mother. Not a wise choice. I really didn’t understand what was going on most of the time working with a crazy lunatic man. I’d never encountered such insanity.

He said some nice things about your weight.
yes, I’ve been there. Horrible things. He waited three or four years and then decided to make fun of my weight at the time that we were shooting ‘Buffalo 66’. He waited that long to make fun of a seventeen-year-old. It’s so bizarre, and I hadn’t seen him in years, I hadn’t done anything to him. It was just like: okay, asshole.

Did you get on with him when making the film?
No, not really. He’s one of those people who sometimes he’s so nice to you and then the next he imagines that you’ve done something horrible and he’ll start screaming at you. It’s difficult to get on well with someone like that.

Na Natureza Selvagem...

Walkabout (Austrália, 1971) de Nicholas Roeg. O título do filme refere-se ao rito de passagem que os aborígenes australianos são submetidos quando chegam aos treze anos de idade e no qual devem vagar pelos desertos da região e garantir, sozinhos, a sua sobrevivência. A trama acompanha a trajetória de uma adolescente e seu irmão, ainda uma criança, que depois de um acidente durante uma viagem pelo deserto, perdem o pai, que planejava a morte deles. Em sua jornada pelas exóticas paisagens, recheadas pela mais exótica ainda fauna australiana, encontram o "walkabout' do título, que os ajuda a superar as dificuldades do caminho. Um filme com poucos diálogos que guarda sua força na beleza das imagens. Não foi por menos que o diretor foi responsável pelo visual de "Lawrence da Arábia" de David Lean. Roeg é mais conhecido por " O Homem que caiu na Terra" (1976) onde David Bowie interpreta um alienígena que realiza a ação descrita no título da película. Lembrei ,durante a sessão, de um filme pouco conhecido e que gosto muito: "A Prova do Leão" (The Naked Play, de Cornel Wilde, 1966) onde um sobrevivente de um massacre tem que fugir, como num jogo, de "cruéis" nativos africanos. Walkabout ficou famoso por ter uma longa cena onde a atriz principal, Jenny Agutter, com apenas 16 anos, nada nua e tranquilamente num lindo lago. Abaixo o trailer:

De volta firme e forte...

Depois da tempestade vem a bonanza...Ou mais ou menos... O certo é que depois do sucesso dos eventos citados no último post estou de volta a blogar. Num foi "bolinho" não... Organizar um evento deste porte foi maravilhoso e estressante.. Mas é muito bom quando o trabalho é reconhecido e tudo termina bem... Parabéns à coordenação de meus amigos Juliano Maurício de Carvalho, Chico Maia e Dino Magnoni e se nossa amizade sobreviveu a tudo isso, dificílmente será abalada por qualquer (ou até uma grande) besteira. Deixo aqui meus agradecimentos a todos que participaram desta loucura com a gente: Ângelo Sottovia Aranha, O pessoal cheio de gás da RP Jr. e a moçada bolsista do "Toque da Ciência" e do LECOTEC. Valeu e até a próxima !!! (brincadeirinha...). Abaixo estou eu "bonito na fotografia" coordenando os trabalhos numa das mesas do evento.

Da esquerda para a direita: Prof.Misael Fereira do Vale, Eu, Marcelo Sacrini e Angela Grossi de Carvalho.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Fora do Ar !!!

Por conta de fazer parte da organização dos eventos que estão no banner acima, dificilmente postarei alguma coisa até o próximo domingo, 17/08. Aproveito e convido a todos a participarem com meus amigos do LECOTEC - Laboratório de Estudos em Comunicação, Tecnologia e Educação Cidadã deste encontro que organizamos com muita vontade, determinação e suor. As inscrições com desconto para alunos de graduação vão até sexta, 09/08 através do site www.faac.unesp.br/ulepicc2008 .
Abraços e até o próximo post.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

El Rey

Gosto muito de Iñárritu mas quando se fala de cinema mexicano contemporâneo, o primeiro nome que me vem à cabeça é Carlos Reygadas, cujo verdadeiro nome é Alberto Castillo Asunsolo, advogado de formação mas cineasta de coração. Diz a lenda que Reygadas resolveu abraçar o cinema depois de ver os filmes de Tarkovsky, uma bela e poética iniciação. "Luz Silenciosa" (2007) é um bom exemplo de cinema contemplativo onde os longos planos com lentos zooms nos fazem pensar as motivações de personagens estranhos mas que no fundo, nos são muito próximos. Neste filme, em particular, a ação (ou ausência dela) acontece numa comunidade menonita do norte do México, muito semelhante à Amish retratada em "A Testemunha" de Peter Weir. Johan é um agricultor casado com Esther e com vários filhos que se apaixona por Marianne. O grande drama é o que não é dito... Religião e sexo são os temas de Reygadas. Como diz Marianne: "O importante não é amar... É ter paz." Ouve-se por aí que, no cinema, não importa a estória mas como ela é contada... É isso.Por falar em ouvir, a película não tem trilha sonora (musical) , o que aumenta a atenção aos planos, ou lembrando minhas aulas de sonorização: o silêncio é um importante elemento sonoro... Leia o post sobre o filme no blog de Luis Carlos Merten, outro no da Revista Cinética e abaixo o trailer. Do mesmo diretor vi o ótimo "Batalla en el Cielo" (já citado aqui) mas falta, para completar a filmografia, "Japón" (já baixado) que devo ver e postar comentários por esses dias.