terça-feira, 26 de maio de 2009

David Lynch a Galinha dos Ovos de Ouro

Parece que os cineastas perceberam que não dá mais para fazer vistas grossas para a importância da  Internet como canal de veiculação da produção audiovisual contemporânea... Descobriram enfim a "Galinha dos Ovos de Ouro"...  Assim, transformando os ovos em omelete, o cineasta David Lynch lançará no próximo dia o1 d e junho o "Interview Project" uma série de 121 micro-documentários com exibição pela web, onde a cada três dias, durante um ano desfilarão  pesssoas (in)comuns entrevistadas falando sobre suas singelas vidas. Segundo a FOLHA ( link para assinantes) " A série de curtas foi realizada por um time de diretores, liderado pelo filho do cineasta, Austin, e por um misterioso Jason S. A equipe cruzou mais de 30 mil km da América profunda, durante 70 dias, para coletar dezenas de histórias." Na apresentação da série o diretor referenda que "É um projeto pé na estrada, onde as pessoas foram sendo encontradas e entrevistadas", diz Lynch no vídeo de apresentação do site. "O time achou essas pessoas dirigindo pelas rodovias, indo a bares, em lugares diferentes. É tão fascinante ver e ouvir essas histórias. É uma chance de conhecer essas pessoas, é algo humano, que você não pode deixar passar. " Infelizmente o código para incorporar os vídeos no blog não funcionou, mas você pode ver aqui a apresentação do projeto pelo cineasta e e ainda dois episódios: "Jenny Brown", que queria ser bailarina e "Anthony", o ciclista desdentado da cidade de Dumas no Arkansas.Vi os dois e gostei muito. OBS: os vídeos não rodam no navegador Chrome da Google. Achei a apresentação da série no Youtube:



+ Leia a bio de David Lynch na Wikipédia e conheça seu site.

domingo, 24 de maio de 2009

Palavras do Mestre:

"A única coisa errada com o cinema mudo é que as bocas moviam-se e não havia som..."Esta é uma das falas do Mestre Hitchcock nesta entrevista de 1964 (em duas partes). Mais nada a declarar.



Cannes !


Michael Haneke, cineasta austríaco amplamente comentado neste blog, foi o premiado pelo melhor filme em Cannes 2009. Aguardemos a película vencedora "A Faixa Branca" (Das Weisse Band) chegar por aqui em glorioso P&B... Abaixo a lista dos vencedores,  um trecho do filme e entrevista com o diretor.

Palma de Ouro
"Das Weisse Band", de Michael Haneke

Grande Prêmio do Júri
"Un Prophète", de Jacques Audiard

Prêmio do Júri
"Fish Tank", de Andrea Arnold e "Bakjwi", de Park Chan-Wook

Prêmio de roteiro
"Spring Fever", de Lou Ye

Prêmio de direção
Brillante Mendoza ("Kinatay")

Prêmio de melhor atriz
Charlotte Gainsbourg ("Anticristo")

Prêmio de melhor ator
Christoph Waltz ("Bastardos Inglórios")

Palma de Ouro de curta metragem 
"Arena", João Salaviza 

Menção especial na seleção de curtas
"The six dolar fifty man", de Mark Albiston e Louis Sutherland

Prêmio Câmera de Ouro, para diretor estreante
Warwick Thornton ("Samson and Delilah")

Menção especial do prêmio Câmera de Ouro
"Ajami", de Scandar Copti e Yaron Shani

Prêmio especial do júri pelo conjunto da carreira
Alan Resnais




sexta-feira, 22 de maio de 2009

Tudo que é bom faz mal...

Steven Johnson é considerado um dos gurus da cibercultura. Seu livro "Tudo que é bom faz mal" editado em 2006  é um sucesso. Sobre o autor na Wikipédia:

"Steven Berlin Johnson (born June 6, 1968) is an American popular science author. He has worked as a columnist for magazines such as Discover Magazine, Slate, and Wired. He co-founded the early webzine Feed Magazine in 1995, and the Webby-award-winning news discussion site Plastic.com in 2001. He is a Distinguished Writer in Residence at New York University. He is the author of the best selling book, Everything Bad is Good for You: How Today's Popular Culture Is Actually Making Us Smarter (2005), which argues that over the last three decades popular culture artifacts (like television dramas and video games) have become increasingly complex and have helped to foster higher-order thinking skills.'

A tese desenvolvida é que as várias formas assumidas pelo entretenimento em decorrência do avanço da tecnológico tem nos transformado em seres mais inteligentes. Para  desfrutrar "um simples videogame" são necessárias capacidades e habilidades cognitivas e motoras antes adormecidas. Como diria o bom e velho MacLuhan "Toda tecnologia cria, aos poucos,  um ambiente humano totalmente novo". Segundo o autor, numa palestra para o evento "Handheld Learning 2008" sua intenção ao escrever o livro não foi discorrer sobre os aspectos morais envolvidos na questão mas sim como esta nova realidade cria novas e complexas demandas cognitivas e, por extensão, seres humanos mais inteligentes . Para Johnson, as três principais características desta complexidade  dos produtos desenvolvidos nos últimos 30 anos da cultura popular são conteúdo, participação e inteface.  Abaixo a interessante palestra em vídeo:

terça-feira, 19 de maio de 2009

Bom e Velho Hitch ...


Hitchcock ao lado de Billy Wilder creio que são meus diretores clássicos preferidos... Sempre considerei dois livros reveladores sobre o universo do cinema, principalmente o americano: "O Gênio do Sistema" de Thomas Schatz (esgotado) , que discorre sobre a importância dos produtores em Hollywood e põe em xeque o conceito de "Cinema de autor" pregado pelos críticos e cineastas decorrentes do "Cahiers du Cinema" e o outro livro é "Hitchcock / Truffaut - Entrevistas" de leitura obrigatória para que gosta do Mestre, aqui entrevistado por François Truffaut e refletindo obra a obra toda sua carreira. Uma aula de cinema... Tudo isso pra agradecer uma alma caridosa que postou as entrevistas em áudio na web e que aqui coloco os links surrupiados do Blog de Cinema da Folha

Parte 1: infância, teatro e o primeiro cinema
Parte 2: o star system, "Suspeita" e "The Lodger"
Parte 3: "Juno and the Paycock" e sobreviver em Hollywood
Parte 4: fracassos iniciais e a importância de Michael Balcon
Parte 5: "Os 39 Degraus"
Parte 6: "O Agente Secreto"
Parte 7: "Young and Innocent" e "A Dama Oculta"
Parte 8: O cinema britânico
Parte 9: "Rebecca, a Mulher Inesquecível"
Parte 10: "Correspondente Estrangeiro"
Parte 11: "Um Casal do Barulho"
Parte 12: "Sabotador" e "A Sombra de uma Dúvida"
Parte 13: "Um Barco e Nove Destinos" e "Quando Fala o Coração"
Parte 14: "Interlúdio" e "Agonia de Amor"
Parte 15: "Festim Diabólico"
Parte 16: "Sob o Signo de Capricórnio"
Parte 17: "Pacto Sinistro"
Parte 18: "A Tortura do Silêncio"
Parte 19: técnicas de cinema
Parte 20: "Janela Indiscreta"
Parte 21: "Um Corpo Que Cai"
Parte 22: "Intriga Internacional"
Parte 23: "Psicose"
Parte 24: "Os Pássaros"
Parte 25: "Marnie, Confissões de uma Ladra" e "Cortina Rasgada"

sábado, 16 de maio de 2009

Documentário, Docudrama e outras dúvidas

Incrível como, inconscientemente, escolhemos filmes para ver, num espaço de tempo muito próximo, que conversam entre si... Esta semana vi "La Liberdad" (Lisandro Alonso, Argentina, 2001) e "Selvagens Inocentes" ou "Sangue Sobre a Neve" ( The Savage Innocents, Nicholas Ray,1960). As duas películas se inserem numa categoria onde o que é ficção e o que é documentário por vezes se confundem, chamada de docudrama. Uma de cada vez:

O filme de Lisandro Alonso é um preview de "Los Muertos" já comentado aqui e do qual gostei muito. Com uma narrativa circular, acompanhamos a rotina de um lenhador. É só e é muito... Tipo de filme que palavras não dizem muito... Melhor ver.



Nicholas Ray é um cara estanho... Filmografia variada e diretor de "Johnny Guitar" (1954), clássico absoluto do faroeste. Aqui Anthony Quinn interpreta Inuk, um esquimó, acusado de matar um padre para o qual ofereceu sua mulher para ter relações sexuais, costume comum entre os esquimos. Impossível não relacionar com um clássico e fruto de um dos cineastas considerados pai do genêro documentário, Robert Flaherty, que dirigiu Nanook of the North (1921). Abaixo um trecho do primeiro e o trailer do segundo filme:



sábado, 9 de maio de 2009

Natal Triste...

Feliz Natal de Selton Mello (2008). Estréia segura e autoral do famoso e badalado ator na direção. Sinceramente fiquei impressionado com o domínio e ousadia na linguagem do cineasta em sua primeira obra. Embora denso, triste e um tanto truncada, a película tem um ar de exasperação intenso onde sobra espaço para interpretações fortes como a de Darlene Glória e Lúcio Mauro. Veja o depoimento do diretor publicado no Estadão : "No primeiro filme, a gente sempre quer dizer e fazer tudo. Falar sobre a vida, a arte. O próximo filme talvez saia mais maduro." A história que Selton conta em Feliz Natal é a deste homem, dono de um ferro-velho, que viaja para passar a festa de Natal em família, com os pais e o irmão. Ele encontra velhos amigos. Só gente bêbada, frustrada, agressiva. "Para mim, Feliz Natal é sobre a solidão, sobre as várias formas de solidão", diz Selton. O diretor chegou a pensar em fazer o protagonista, mas terminou chamando Leonardo Medeiros, o ‘Leo’, para o papel. "Ocorre uma coisa curiosa", ele observa." Altamente recomendado como obra de arte. Aqui um belo texto na Revista Cinética onde são evocados nomes como Cassavettes e Lucrécia Martel e , abaixo o trailer: