quinta-feira, 9 de julho de 2009

Globalização

O Albergue Espanhol (2002) de Cèdric Klapisch . Quem disse que entretenimento não pode ser "cabeça"? Filme envolvente onde um jovem francês, Xavier, precisa aprender espanhol para garantir um emprego como economista e resolve participar do Programa Erasmus para conseguir uma bolsa de estudos em Barcelona. Lá, depois de sofrer pela falta de domínio do idioma e de lugar para ficar, instala-se enfim numa "república" com mais cinco jovens de diferentes nacionalidades européias. Tratado sobre identidade, a película é altamente recomendada e divertida. Abaixo um texto do diretor disponível no blog Webcine.com.br e depois o trailer.

"A idéia de fazer Albergue Espanhol surgiu há cerca de 10 anos. Minha irmã estava participando do programa de intercâmbio Erasmus em Barcelona e, quando fui visitá-la por uma semana, ela dividia um apartamento com cinco pessoas, cada uma de um país diferente. Quando me dei conta do quanto era divertida e fértil essa situação em termos dramáticos, resolvi fazer um filme sobre o tema.Nessa época eu tinha trabalhado por dois anos no roteiro de um filme sobre um assalto. Tudo estava preparado, porém, o projeto teve de ser adiado por quatro meses. Decidi tentar fazer outro filme enquanto aguardava, mas para isso teria de escrever o roteiro em duas semanas. Sentei-me para escrever e, 12 dias depois, tinha concluído Albergue Espanhol.Juntamente ao Bruno Levy, o produtor, e com Romain Duris, o ator em quem sempre pensei para interpretar Xavier (já tínhamos trabalhado juntos quatro vezes), viajei pela Europa em busca do elenco. Fomos a Copenhague, Roma, Londres, Berlim e Barcelona, e conhecemos cerca de 20 atores em cada lugar. Escrevi uma pequena "cena de ensaio" para cada personagem, e com o tempo esses testes foram se tornando novas cenas do filme. No decorrer desse processo, reescrevi o roteiro e recriei os personagens com base em idéias que os atores me inspiraram.De fato, o enredo do filme foi surgindo a partir das pessoas que eu ia conhecendo. Como a maioria dos roteiristas, normalmente trabalho ao contrário: crio os personagens e depois saio em busca de atores para corporificá-los. Neste caso, porém, me pareceu importante fazer o inverso. Eu não queria em hipótese alguma fazer caricaturas de qualquer cultura européia. Então, por exemplo, em vez de criar "o personagem italiano perfeito", conheci Federico D'Anna, que considero bem italiano de um modo peculiar, único, e ele se tornou "o personagem italiano" do filme.Barcelona também influenciou o roteiro, pois à medida que eu procurava locações na cidade, várias cenas surgiam em minha imaginação pelo simples fato de descobrir algum lugar especial. O roteiro foi construído propositalmente como um caldeirão cultural composto de sonhos, recordações, imagens, ambientes e histórias que estudantes que participaram do programa Erasmus me contaram. Essa "mistura" se tornou Albergue Espanhol.Acho que o tom do filme expressa a confusão desse momento em que se tem 25 anos e não se sabe ao certo o que se quer fazer da vida, por quem se apaixonar, se é melhor cursar uma faculdade ou aprender sobre a vida de outra forma. Essa época normalmente é confusa e, através de Xavier, tentei expressar essa confusão de forma leve e engraçada.À medida que fazia o filme, eu aprendia, junto ao Xavier, que seguir os desejos mais inconscientes e os impulsos desordenados é uma boa maneira de crescer e de viver com liberdade. No final, surgiu um filme não apenas sobre juventude, viagens e diversidade, mas também sobre o encontro dessa liberdade."

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