quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Lá e Cá...

Chop Shop ( 2007 de Hamin Bahani ). Segundo o Free Dictionary, Chop-Chop significa "Adv.  1. chop-chop - with rapid movements; "he works quickly" ou como diríamos aqui em Pindorama "com rodinha nos pés", assim o trocadilho do título, mudando um "chop" por "shop" faz sentido... Alejandro é um pré- adolescente malandro que vive de trampar e de cometer pequenos delitos nos numa região repleta de lojas de reparos de carros nos arredores do Queens em Nova Iorque, uma espécie de "Robauto" ou  "Carrefurto" gringa (para quem pensa que lá não tem pobreza...). Ele tem uma irmã um pouco mais velha, Isamar, que descobre como tirar dinheiro fácil de caminhoneiros carentes. O sonho de Alejandro, precocemente maduro, é comprar um trailer de lanches para que ambos possam trabalhar. Bem, a vida é um tanto complicada e não são todos os planos que dão certo... A película é puro neo-realismo misturado com Cinema Brasileiro e diante da pendenga dizendo que "Quem quer ser milionário" é cópia de "Cidade de Deus", vou colocar mais lenha na fogueira e reproduzir o que escreveu o respeitável crítico americano sobre este filme e tá alí em cima, grafado no cartaz: "Miraculous! An american film with the raw power of PIXOTE or CITY OF GOD. Unespected, inspired and brave". Será que  configura-se uma tendência...  Abaixo o trailer e leia uma entrevista com o diretor no site Alternative Film Guide.



Só para completar, vejam o texto, cheio de indignação, de Thiago Ney na Folha (só para assinantes) sobre a premiação do Oscar, que colo aqui:

A que ponto chegou o Oscar: oito prêmios para um longa que copia um filme brasileiro...

Mesmo com Danny Boyle dizendo que não, seu "Quem Quer Ser um Milionário?" é escancaradamente "influenciado" por "Cidade de Deus", seja na fotografia estourada, seja na edição frenética, seja, principalmente, no modo como pretende retratar o cotidiano de jovens miseráveis de um grande centro urbano.

"Cidade de Deus" estreou em agosto de 2002 no Brasil e em janeiro de 2003 nos EUA. Não conseguiu indicação a filme estrangeiro no Oscar de 2003; em 2004, o filme concorreu a quatro estatuetas -mas não ganhou nenhuma.

Aclamado não apenas nos EUA, mas também na Inglaterra, o longa recebeu várias críticas por aqui. Chegou-se a criar o termo "cosmética da fome" para acusar o filme de caricaturar a violência das favelas cariocas. "City of God" seria "americano demais", diziam alguns.

Carmen Miranda era "americana demais". É o ranço "dinossáurico" e xenofóbico que enevoa a cultura pop deste país: se um cineasta não filma longos planos de cangaço, se uma banda não coloca um pouquinho de batucada em sua música, se um artista não produz instalações com compensados de madeira, torna-se, então, um produto americano.

Uma das qualidades de "Milionário", argumentam, é empurrar ao circuitão uma visão e uma estética "multicultural". David Thomson, no "Guardian", comemorou a vitória de "Milionário"; para ele, o sucesso do filme no Oscar "reflete a diminuição do espaço dos EUA no mundo". Mas com um ou dois cliques vemos que o mais recente "Batman" ultrapassou o US$ 1 bilhão em arrecadação de bilheteria -mais da metade em salas de cinema longe dos EUA. Quem é que está empurrando o quê?


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