A que ponto chegou o Oscar: oito prêmios para um longa que copia um filme brasileiro...
Mesmo com Danny Boyle dizendo que não, seu "Quem Quer Ser um Milionário?" é escancaradamente "influenciado" por "Cidade de Deus", seja na fotografia estourada, seja na edição frenética, seja, principalmente, no modo como pretende retratar o cotidiano de jovens miseráveis de um grande centro urbano.
"Cidade de Deus" estreou em agosto de 2002 no Brasil e em janeiro de 2003 nos EUA. Não conseguiu indicação a filme estrangeiro no Oscar de 2003; em 2004, o filme concorreu a quatro estatuetas -mas não ganhou nenhuma.
Aclamado não apenas nos EUA, mas também na Inglaterra, o longa recebeu várias críticas por aqui. Chegou-se a criar o termo "cosmética da fome" para acusar o filme de caricaturar a violência das favelas cariocas. "City of God" seria "americano demais", diziam alguns.
Carmen Miranda era "americana demais". É o ranço "dinossáurico" e xenofóbico que enevoa a cultura pop deste país: se um cineasta não filma longos planos de cangaço, se uma banda não coloca um pouquinho de batucada em sua música, se um artista não produz instalações com compensados de madeira, torna-se, então, um produto americano.
Uma das qualidades de "Milionário", argumentam, é empurrar ao circuitão uma visão e uma estética "multicultural". David Thomson, no "Guardian", comemorou a vitória de "Milionário"; para ele, o sucesso do filme no Oscar "reflete a diminuição do espaço dos EUA no mundo". Mas com um ou dois cliques vemos que o mais recente "Batman" ultrapassou o US$ 1 bilhão em arrecadação de bilheteria -mais da metade em salas de cinema longe dos EUA. Quem é que está empurrando o quê?
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